Cidades Sustentáveis

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Reunião GT Meio Ambiente Rede Nossa São Paulo -GTMA

Convidamos para a próxima Reunião Aberta do GT Meio Ambiente, que será realizada no dia 9 de abril, terça-feira, das 19:30h às 21h30, na sede da SOS Mata Atlântica, no Conjunto Nacional - prédio Horsa I – Av. Paulista 2073 − 13o andar.

A proposta de pauta para esta reunião:
- Apresentação dos participantes;
- Reunião Inter-GTs e interação com Programa Cidades Sustentáveis
- como foi a reunião com o Secretário
- Audiências Públicas - Plano de Metas
- Metas Priorizadas RNSP/GTMA (Comentários de cada subgrupo, que sugeriu as Metas da proposta da RNSP)
- Como iremos acompanhar Plano de Metas + Metas GTMA?
- Outras atividades: participação nas audiências públicas, reuniões com o Executivo para apresentar comentários sobre o Plano de Metas apresentado pelo Haddad etc.

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Encontro levanta boas ideias para gerenciamento de resíduos sólidos.

Iniciativas integrarão documento que será oferecido aos prefeitos signatários do Programa Cidades Sustentáveis, visando à implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos nos municípios
Práticas bem-sucedidas de gerenciamento de resíduos sólidos no País foram elencadas durante o segundo encontro sobre o tema. As boas ideias irão ajudar a compor um documento que será disponibilizado aos municípios brasileiros que precisam começar a colocar em prática a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010. Veja mais

INICIAMOS A DISCUSSÃO DO PLANO DIRETOR DE SÃO PAULO

O prefeito Fernando Haddad afirmou na abertura Ciclo de Diálogos e Debates com a Sociedade Civil sobre Temas Urbanos e a Revisão do Plano Diretor da Cidade de São Paulo, organizado pelo Fórum Suprapartidário por uma São Paulo Saudável e Sustentável, que o executivo está 100% disponível para, junto com a sociedade civil, debater profundamente a cidade de São Paulo com transparência, com tranquilidade e com determinação para revisar o plano diretor.
“Entendo que se nós aproximarmos a população da cidade de SP em fóruns como esse nós vamos produzir um Plano Diretor melhor do que o atual. Não pelos defeitos do atual, mas pela virtude do processo de discussão. O processo de discussão serve para isso, superar as etapas anteriores e melhorar o processo de formulação.” “E nós queremos inaugurar este debate. Nós queremos ficar próximos dos movimentos de moradia, próximos dos arquitetos, dos urbanistas das entidades que queiram o bem da cidade”

Projeto cria a Frente Parlamentar pela Sustentabilidade em São Paulo

Proposta, que ainda deverá ser votada na Câmara Municipal paulistana, tem como base o Programa Cidades Sustentáveis e já conta com o apoio de 13 vereadores


Está em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo o Projeto de Resolução 003/2012, que visa criar a Frente Parlamentar pela Sustentabilidade. A proposta, a primeira apresentada pelo vereador Ricardo Young (PPS), já conta com a adesão de 12 outros parlamentares que subscrevem o texto como coautores.

Na relação de coautores da proposta estão vereadores de diversos partidos, entre os quais PV, PSDB,PHS, PSD, PT e PSOL.

A Frente Parlamentar pela Sustentabilidade, segundo o projeto, terá como objetivo “contribuir para a formação das bases sociais e políticas para a construção de uma nova visão de São Paulo sob o prisma da democracia e da sustentabilidade, com base no Programa Cidades Sustentáveis, do qual o prefeito Fernando Haddad é signatário, priorizando a defesa da vida, de princípios e valores humanistas e a consciência ambiental”.
Ricardo Young, vereador que deu início ao projeto, diz que a iniciativa é importante para tirar o tema sustentabilidade da disputa partidária. “Com adesão de vereadores dos mais diversos partidos, discutiremos temas que a cidade não pode mais adiar, como saneamento básico e despoluição do ar e dos rios”, argumenta.

Pela proposta, que ainda deverá ser votada no Legislativo paulistano, a frente também buscará estabelecer relações de apoio a ações e projetos de instituições da sociedade civil.
A ideia, de acordo com Young, é que a frente contemple os temas que fazem parte do Programa Cidades Sustentáveis. “Se o prefeito da cidade assinou a carta compromisso da plataforma, não há porque a Câmara Municipal também não ser aderente e discutir os temas ali previstos. Isso faz todo o sentido”, avalia.

O parlamentar do PPS lembra que a frente está aberta à adesão de outros vereadores. Alem dele, até o momento, também assinam o projeto de resolução: Abou Anni (PV), Andrea Matarazzo (PSDB), Ari Friedenbach (PPS), Aurélio Nomura (PSDB), Floriano Pesaro (PSDB), Gilberto Natalini (PV), José Police Neto (PSD), Juliana Cardoso (PT), Laércio Benko (PHS), Mário Covas Neto (PSDB), Nabil Bonduk (PT) e Toninho Véspoli (PSOL).

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Novo estudo confirma que os eventos climáticos extremos deverão se tornar mais frequentes



Mais chuva pra quem já tem; menos chuva pra quem não tem – Estudo da Nasa reforça o alerta de que as regiões mais úmidas do planeta vão receber ainda mais chuva, e que as regiões mais secas tenderão a ficar ainda mais áridas nas próximas décadas.

Mais de seis anos se passaram desde a publicação do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), em março de 2007. Desde então, os programas de modelagem climática se tornaram muito mais elaborados, mas as suas previsões, infelizmente, parecem não estar mudando muito.

Um novo estudo, coordenado por um pesquisador da Nasa, William Lau, reforça o alerta de que as regiões mais úmidas do planeta vão receber ainda mais chuva, principalmente na forma de tempestades, e que as regiões mais secas tenderão a ficar ainda mais áridas nas próximas décadas, por conta das mudanças climáticas. Uma das áreas mais afetadas deverá ser o Centro-Oeste brasileiro, onde está concentrada a maior parte da produção agrícola nacional.

O trabalho, aceito para publicação na revista Geophysical Research Letters, utiliza um compilado de 14 modelos climáticos desenvolvidos nos últimos anos para tentar prever o que vai acontecer com as chuvas no planeta nos próximos 140 anos, tomando como referência os meses de junho, julho e agosto, e assumindo um aumento de 1% ao ano na concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2).

“Eles pegaram os 14 modelos que serão utilizados no próximo relatório do IPCC, que são muito mais realistas do que os de 2007, e as previsões permanecem essencialmente as mesmas”, analisa o meteorologista Gilvan Sampaio, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O resumo da história, segundo ele, é que os eventos climáticos extremos – como secas, tempestades e ondas de calor – deverão se tornar mais frequentes, como já vem ocorrendo nos últimos anos. Com relação aos níveis de precipitação, especificamente, algumas regiões já áridas deverão receber ainda menos chuva e permanecer secas por períodos mais longos – incluindo o Nordeste brasileiro, que este ano passa por uma das piores secas de sua história.

“Até gostaríamos de estar errados, mas, infelizmente, parece que estamos certos”, lamenta Sampaio.

Segundo o novo estudo, cada 0,56 °C de elevação da temperatura global em razão do aumento da concentração de CO2 na atmosfera resultará num aumento de 3,9% na ocorrência de chuvas fortes e de 1%, na ocorrência de chuvas fracas. Curiosamente, apesar disso, o volume anual global de precipitação não deverá mudar significativamente, por conta de uma redução de 1,4% na ocorrência de chuvas moderadas. Ou seja: haverá uma intensificação dos extremos, o que é péssimo para o ser humano, tanto no campo quanto nas cidades, pois agrava o risco de eventos extremos como secas e tempestades.

Um vídeo divulgado com o estudo mostra como os níveis de precipitação deverão variar anualmente no trimestre junho-julho-agosto (JJA) pelos próximos 140 anos. Nele, uma grande mancha marrom escura (representando reduções significativas de chuva) se expande e se retrai sobre o Centro-Oeste, sul da Amazônia e partes do Nordeste brasileiro nestes três meses de inverno, que já são naturalmente os mais secos do ano.

“O maior impacto desta figura não é tanto a queda nos volumes de chuva, mas que este volume de chuva diminui até agosto e, possivelmente, até setembro. Ou seja, a estacão seca pode ficar mais longa e as chuvas nesta região começarem mais tarde que o normal”, o que teria forte impacto na agricultura e na geração de energia elétrica nessas regiões, diz o pesquisador José Marengo, coordenador geral do CCST.

Detalhe: as concentrações de CO2 usadas na modelagem do estudo começam em 280 partes por milhão (ppm), bem abaixo da concentração atual, que já está batendo em 400 ppm. O que significa que o estudo é bastante conservador e, consequentemente, ainda mais preocupante. O próximo relatório geral do IPCC (conhecido como AR5, ou 5th Assessment Report) é esperado para o fim de 2014.

Matéria de Herton Escobar, em O Estado de S. Paulo, socializada pelo Jornal da Ciência/SBPC, de 06 de Maio de 2013. Publicada pelo Portal EcoDebate, 07/05/2013.

sábado, 23 de março de 2013

GT Meio Ambiente Rede Nossa São Paulo, apresenta proposta há secretaria do Governo para serem anexadas ao plano de Metas


Após Diversos debates GT Meio Ambiente Rede Nossa São Paulo elabora documento com propostas a variável sócio ambiental para ser agregado a Plano de Metas do Prefeito Haddad.

Neste mês de Março 2013, membros do GTMA estiveram em reunião junto ao Secretario do Verde e Meio Ambiente, Ricardo Teixeira .


Veja carta direcionada a Secretaria e as Metas propostas pelo Grupo.

Carta ao Exmo Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente Sr. Ricardo Teixeira

Prezado Secretário,

O intuito da Rede Nossa São Paulo e  do Grupo de Meio Ambiente, é reforçar a necessidade de mobilização, acompanhamento cidadão e colaborar nas ações de políticas públicas concernentes a um meio ambiente urbano mais equilibrado e justo.
A boa gestão municipal dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, drenagem, áreas verde e mudanças climáticas, com vistas à melhoria da qualidade de vida e governança, é fator básico de eficiência em qualquer contexto gerencial público ou privado. O município de São Paulo - com a maior população urbana da federação e graves problemas que afetam de forma inaceitável o dia-a-dia dos cidadãos - exige atenção urgente às melhores práticas de governança ambiental.
Após décadas de crescimento desordenado, descaso do poder público com a gestão urbana sustentável e ausência da sociedade civil nas decisões e monitoramento da gestão municipal, chega-se hoje a um momento limítrofe, onde opinião pública, governo e entidades civis – cientes da grave situação da cidade e de seus respectivos papéis como agentes de mudança – veem uma possibilidade de convergir para uma atuação coordenada e integrada.
Com o objetivo primordial de dar início a um novo ciclo na história de São Paulo, temos a expectativa de que a SVMA, integrada com outras Secretarias, não seja apenas um catalisador de boas práticas ambientais e participativas, como também um exemplo em todas as suas atividades.
Neste contexto, o fomento dos espaços de debate na elaboração e deliberação de prioridades socioambientais é de fundamental importância para a cidade. É necessário o diálogo aberto, permanente e construtivo do Executivo com a sociedade, criando processos mais democráticos e transparentes, gerando resultados na direção de uma cidade mais justa e sustentável.
A partir de propostas inovadoras identificadas no Plano de Campanha do Governo  atual, a Rede Nossa São Paulo, (RNSP) propõem através do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente, (GTMA) que sejam adotados diretrizes, indicadores e metas  na área de Governança Ambiental,  construídos, implementados e monitorados de forma participativa, pela Prefeitura de São Paulo e pela sociedade civil.
O GTMA da RNSP priorizou  algumas metas e  indicadores essenciais para a cidade de São Paulo na área ambiental  e tem como responsabilidade, aprofundar e acompanhar as políticas públicas na área socioambiental.
Seguem abaixo algumas contribuições elencadas pelo grupo:
Esperamos da atual gestão comprometimento com a legislação vigente, o estabelecimento de diálogos e canais de participação, elaboração de planos e ações integradas, descentralização e transparência, conforme consta no “Programa Cidades Sustentáveis”, compromisso assinado pelo Prefeito Fernando Haddad.
Estamos abertos a ter um canal mais próximo com os gestores de cada tema ambiental, para juntos construirmos uma agenda positiva. 

Prioridades para a cidade elencadas pelo Grupo de Meio Ambiente, da Rede Nossa São Paulo:

Educação:

-          Criação de Política e Programa Municipal de Educação Ambiental, com CIMEA (Comissão Intersetorial Municipal de Educação Ambiental) e implementação de ações de Educação Ambiental permanentes, considerando a participação em Conselhos e Fóruns locais, considerando-se as especificidades de cada região, até o final de 2013;

-          Incentivar hortas, jardins e compostagem, nas escolas e casas;

Áreas Verdes:
-          Adoção de um conceito definitivo e de um indicador atualizado anualmente de área verde recomendada em no mínimo 7m2/habitante/distrito. Excluindo floresta nativa periurbana (recomendado pelo IBAMA).

-          Elaborar estudo detalhado para identificação e conhecimento de áreas a partir de 5m² por meio de imagens aéreas e outras ferramentas de mapeamento, para quantificar os serviços ambientais de toda e qualquer área verde na cidade.

-          Disponibilizar o indicador anual por distrito. Porcentagem do território coberto por vegetação com qualquer extensão, inclusive canteiros, gramados, áreas ajardinadas, telhados verdes etc.

-          Mínimo 1 parque por distrito, administrado por profissional com formação e/ou experiência comprovada

-          Implantar programa de incentivo à recuperação de áreas de preservação permanente (APPs) nas áreas periurbanas, com incentivo à substituição e transplante de árvores de locais inadequados. Aprimorar o cálculo do TCA (Termo de Compromisso Ambiental) para estimar as reais perdas de serviços ambientais, e equiparar com a devida substituição obrigatória.

-          Promover a arborização ao longo das vias e a sua adaptação às normas sobre acessibilidade

-          Apoio da Prefeitura ao munícipe na conservação das calçadas, realizando campanhas de orientação, plantando árvores e/ou fornecendo mudas.

Resíduos:
-          Disponibilizar indicador de porcentagem de resíduo depositado em aterros sanitários por ano, tendo como meta eliminar os lixões até 2014.

-          Diminuir a porcentagem de resíduo enviada a aterros sanitários, buscando a recuperação de 100% dos resíduos produzidos na cidade, priorizando em todos os casos a reciclagem (secos e orgânicos) com inclusão social dos catadores. Fonte: Política Nacional de Resíduos Sólidos/Programa Cidades Sustentáveis
-          100% de reciclagem do material coletado, com inclusão dos catadores autônomos, grupos organizados, associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Programa Oficial de Coleta Seletiva da PMSP

-          Rever e implantar o plano, (PMGIRS-SP) com as prioridades definidas na PNRS (lei 12305/10)  com a participação da sociedade,  incluindo metas e indicadores, para atender  com 100% de reciclagem do material coletado, resíduos  úmidos, secos e a resíduos da construção civil.

Qualidade do Ar e Mudanças Climáticas:

-          Executar a LEI 14.933, de 5 de junho de 2009, que institui a política municipal de mudança de clima. Implementar estratégias de mitigação e adaptação e cumprimento da meta de redução de emissões de 30%, em relação ao inventário de 2005, previstos na LEI

-          Criar mecanismos de incentivo ao desenvolvimento de: tecnologias limpas, sistema viário inteligentes, priorização do transporte coletivo e de baixa emissão etc (Iniciativas já prevista na LEI de Mudanças Climáticas)

-          Implantar programa de valorização de serviços ambientais prestados pelos mananciais e áreas verdes, contemplando a compensação e incentivos para a proteção e recuperação (boas práticas, recuperação ambiental).

-          Criar Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar no município de São Paulo. Instalar 1 ponto de medição da qualidade do ar em cada distrito.

Governança:
-          Criar mecanismos de Incentivo para o uso de coletores de água, energia fotovoltaica, energia térmica (Painel Solar de Baixo Custo)

-          Elaboração, a partir de processo participativo, do Plano Ambiental Municipal, incluindo indicadores e metas de sustentabilidade para o monitoramento de efeitos diretos e indiretos

Meta: Plano Ambiental Municipal finalizado e aprovado. Prazo :  Dezembro 2013
-          Implantar um sistema de gestão de riscos ambientais, com foco especial nas enchentes, inundações e nos deslizamentos, com ampla participação das comunidades e que contemple programas para remoção, socorro e assistência social às vítimas, com planejamento em curto, médio e longo prazo e planos de contingência por subprefeitura.

Meta : Sistema de Gestão de Riscos Ambientais e planos de contingência implementados em todas as subprefeituras do município. Prazo : Dezembro 2013.
-          Zerar a porcentagem da população atingida de forma crítica por desastres naturais na cidade. Prazo : Dezembro 2014
 -          Controle da Densidade Construtiva, dos Estoques de Potencial Construtivo e dos Impactos Ambientais do Adensamento Urbano

Meta : Definir e implementar índices sustentáveis de Densidade Construtiva e Adensamento Urbano. A Rede Nossa São Paulo – GT Ambiente discutirá  e acompanhará estes índices com os órgãos públicos responsáveis. Prazo : Dezembro 2013.

Equipar os CADES locais com infraestrutura adequada e dar aos mesmos poder de deliberação sobre as áreas competentes. Publicar em formato aberto e atualizar constantemente todas as informações


-          relativas aos espaços de participação que existem na cidade. Promover encontros periódicos com a participação efetiva do maior número possível de cidadãos.
Meta : Todos os CADES locais operantes, com infra-estrutura adequada e poder deliberativo sobre suas respectivas áreas de atuação. Prazo : Agosto 2013.
-          Criar um Programa de « Pontos de Sustentabilidade » nos moldes do « Pontos de Cultura ».  Este programa publicará editais com o objetivo de fomentar projetos locais de estímulo à sustentabilidade ambiental. Propõe-se que seja destinado para este fim um percentual a definir do FEMA.
Meta : Programa « Pontos de Sustentabilidade » elaborado, aprovado e implementado. Prazo : Dezembro 2013.

Água:
-          Disponibilizar o indicador desagregado em usos doméstico, industrial, comercial, público e misto, por distrito, e meta de redução de perda. O consumo recomendado pela ONU é de 110 litros/habitante por dia. (consumo doméstico)

-          100% dos domicílios ligados a rede de esgoto

-          Disponibilizar o indicador anual por distrito, no departamento de Recursos Hídrico na Secretaria do Verde e Meio Ambiente

-          Diminuir 50% da perda atual – estimada em 30%

-          Universalização do saneamento: ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ocupados ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e limpeza urbana;

-          Implementar indicadores e gestão municipal sobre os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem, com vistas à melhoria da qualidade e à eficiência no controle, fiscalização e regulação dos serviços.
  
                                                                                                                   www.nossasaopaulo.org.br 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Relatório da ONU prevê 'catástrofe ambiental' no mundo em 2050


Pobreza extrema deve ser motivada também por degradação do planeta.
Estima-se que mais de 3 bilhões vivam na miséria nos próximos 37 anos.

Fonte. G1 - Do Globo Natureza, em São Paulo




Apesar dos investimentos de vários países em energias renováveis e sustentabilidade, o mundo pode viver uma "catástrofe ambiental" em 2050, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado nesta quinta-feira (14) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Ao fim dos próximos 37 anos, são estimadas mais de 3 bilhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, das quais pelo menos 155 milhões estariam na América Latina e no Caribe. E essa condição demográfica e social seria motivada também pela degradação do meio ambiente e pela redução dos meios de subsistência, como a agricultura e o acesso à água potável.


De acordo com a previsão de desastre apresentada pelo relatório, cerca de 2,7 bilhões de pessoas a mais viveriam em extrema pobreza em 2050 como consequência do problema ambiental. Desse total, 1,9 bilhão seria composto por indivíduos que entraram na miséria, e os outros 800 milhões seriam aqueles impedidos de sair dessa situação por causa das calamidades do meio ambiente.
No cenário mais grave, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global diminuiria 15% em 2050, chegando a uma redução de 22% no Sul da Ásia (Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Butão e Maldivas) e de 24% na África Subsaariana (todos os países ao sul do Deserto do Saara).


Mudanças climáticas e pressões
As mudanças climáticas e as pressões sobre os recursos naturais e ecossistemas têm aumentado muito, independentemente do estágio de desenvolvimento dos países, segundo o relatório. E o texto também destaca que, a menos que sejam tomadas medidas urgentes, o progresso do desenvolvimento humano no futuro estará ameaçado.
O Pnud aponta, ainda, que os protestos em massa contra a poluição ambiental têm crescido em todo o mundo. Por exemplo, manifestantes em Xangai, na China, lutaram por um duto de águas residuais (provenientes de banhos, cozinhas e uso doméstico em geral) prometido, enquanto na Malásia moradores de um bairro se opuseram à instalação de uma refinaria de metais de terras raras – 17 metais conhecidos como "ouro do século 21", por serem raros, valiosos e de grande utilidade.
O relatório reforça também que as principais vítimas do desmatamento, das mudanças climáticas, dos desastres naturais e da poluição da água e do ar são os países e as comunidades pobres. E, para o Pnud, viver em um ambiente limpo e seguro deve ser um direito, não um privilégio. Além disso, sustentabilidade e igualdade entre os povos estão intimamente ligadas.

Desastres naturais em alta

Além disso, de acordo com o texto divulgado nesta quinta-feira, os desastres naturais estão se intensificando em todo o mundo, tanto em frequência quanto em intensidade, causando grandes danos econômicos e perdas humanas.

Apenas em 2011, terremotos seguidos de tsunamis e deslizamentos de terra causaram mais de 20 mil mortes e prejuízos aos EUA, somando US$ 365 bilhões (R$ 730 bilhões) e 1 milhão de pessoas sem casas.
O impacto mais severo foi para os pequenos países insulares em desenvolvimento, alguns dos quais sofreram perdas de até 8% do PIB. Em 1988, Santa Lucía – localizado nas Pequenas Antilhas, no Caribe – perdeu quase quatro vezes seu Produto Interno Bruto (PIB) por causa do furacão Gilbert, enquanto Granada – outro país caribenho – perdeu duas vezes o PIB em decorrência do furacão Iván, em 2004.
Desafios mundiais

O relatório do Pnud ressalta, ainda, que os governos precisam estabelecer acordos multilaterais e formular políticas públicas para melhorar o equilíbrio das condições de vida, permitir a livre expressão e participação das pessoas, administrar as mudanças demográficas e fazer frente às pressões ambientais.

Um dos grandes desafios para o mundo, segundo o texto, é reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Apesar de os lançamentos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera parecerem aumentar com o desenvolvimento humano, essa relação é muito fraca, destaca o Pnud. Isso porque, em todos os níveis de IDH, alguns países equivalentes têm uma maior emissão de CO2 que outros.

Além disso, pode haver diferenças grandes entre as províncias ou estados de um mesmo país, como é o caso da China. Esses resultados, de acordo com o relatório, reforçam o argumento de que o progresso humano não demanda um aumento no uso de CO2, e que políticas ambientais melhores poderiam acompanhar esse desenvolvimento.

Segundo o Pnud, alguns países já têm se aproximado desse nível de desenvolvimento, sem exercer uma pressão insustentável sobre os recursos ecológicos do planeta. Mas responder globalmente a esse desafio exige que todas as nações adaptem suas trajetórias.

Os países desenvolvidos, por exemplo, precisam reduzir a chamada "pegada ambiental", ou seja, quanto cada habitante polui o planeta (como se fosse um PIB do meio ambiente). Já as nações em desenvolvimento devem aumentar o IDH, mas sem elevar essa pegada. Na visão do Pnud, tecnologias limpas e inovadoras podem desempenhar um papel importante nesse processo.
Mas, para reduzir a quantidade necessária de emissões de gases de efeito estufa, os países dos hemisférios Norte e Sul têm que chegar a um acordo justo e aceitável para todos, como compartilhar as responsabilidades, informa o relatório.

Acordos e investimentos
Na Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012, foi negociado entre os governos da região da Ásia e do Pacífico um acordo para proteção do maior recife de corais do mundo, o chamado Triângulo de Coral, que se estende desde a Malásia e a Indonésia até as Ilhas Salomão. A área é responsável por fornecer o sustento para mais de 100 milhões de pessoas.
Além disso, alguns países estão trabalhando juntos na bacia do Rio Congo para combater o comércio ilegal de madeira e preservar o segundo maior território florestal do mundo. Bancos regionais de desenvolvimento também apresentaram uma iniciativa que conta com US$ 175 bilhões (R$ 350 bilhões) para promover o transporte público e ciclovias em algumas das principais cidades do mundo.

Outra parceria envolve a China e o Reino Unido, que vão testar tecnologias avançadas de combustão de carvão. Já os EUA e a Índia firmaram um acordo para o desenvolvimento de energia nuclear na Índia.
Alguns países também estão desenvolvendo e compartilhando novas tecnologias verdes. A China, o quarto maior produtor de energia eólica do mundo em 2008, é também a maior fabricante global de painéis solares e turbinas para geração de energia pelo vento. E, na Índia, os investimentos em energia solar aumentaram 62% em 2011, chegando a US$ 12 bilhões (R$ 24 bilhões) – os maiores do planeta. Já o Brasil elevou seus investimentos tecnológicos para energias renováveis em 8%, chegando a US$ 7 milhões (R$ 14 milhões).
Promessas

Até 2020, a China também prometeu cortar suas emissões de dióxido de carbono por unidade de PIB em 40% a 45%. E, em 2010, a Índia anunciou reduções voluntárias de 20% a 25%. Além disso, no ano passado, políticos coreanos aprovaram um programa para reduzir as emissões de fábricas e usinas de energia.

Na Rio+20, Moçambique anunciou ainda uma nova rota de economia verde. E o México promulgou recentemente uma lei para reduzir as emissões de CO2 e apostar em energias renováveis.
No Fórum de Bens de Consumo da Rio+20, as empresas Unilever, Coca-Cola e Wal-Mart – classificadas entre as 20 melhores multinacionais do mundo – também prometeram eliminar o desmatamento de suas cadeias de abastecimento.

Além disso, a Microsoft prometeu que em 2012 se tornaria nula em emissões de carbono. E a companhia Femsa, que engarrafa bebidas – como a Coca-Cola – na América Latina, manifestou que obteria 85% de suas necessidades energéticas no México a partir de recursos renováveis.
Mas, apesar de muitas iniciativas promissoras, ainda existe ainda uma grande diferença entre as reduções de emissões necessárias e essas modestas promessas, destaca o Pnud.




quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"9 soluções para o lixo" - Revista Galileu


Conheça as tecnologias que permitem transformar o que seria jogado fora em fonte de energia, combustível para carros e até de metais preciosos. São ideias que valem ouro.

por Priscilla Santos | Ilustrações: Samuel Rodrigues

A cada ano, 1,3 bilhão de toneladas de lixo são produzidas em cidades do mundo todo. Essa quantidade ainda deve dobrar. De acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2025 o número chegará aos 2,2 bilhões, colocando-nos em uma espécie de crise global de lixo em que o principal vilão é a má gestão por parte dos governos.
No Brasil, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos determina que, até 2014, todos os lixões sejam extintos no país. “Acho a meta positiva, mas não acredito que será tão rápido”, afirma Jorge Hargrave, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou em outubro um mapeamento da gestão de resíduos. Os resultados mostram que, embora a quantidade de lixo levada para aterros sanitários tenha crescido 120% nos últimos anos, a maior parte ainda é despejada nos lixões e aterros controlados (entenda as diferenças ao lado), gerando de problemas de saúde pública e poluição atmosférica até questões de transporte. “Na Amazônia, alguns aeroportos fecham durante o dia, pois não há teto para decolagem e pouso, tamanha a quantidade de urubus atraídos por lixões”, afirma Luciano Basto, especialista em planejamento energético e professor de pós-graduação em engenharia na UFRJ.
Mas o que é problema pode se tornar solução. “Temos a oportunidade de converter os resíduos em combustível, dinamizando a economia interna e gerando postos de trabalho”, diz Basto. Os projetos de aproveitamento do lixo para geração de eletricidade já têm seus representantes no Brasil. Mundo afora, soluções ultratecnológicas já são aplicadas. Transformar plástico usado em petróleo, usar cerveja vencida para acelerar a formação de gases e extrair ouro puro de celulares velhos são algumas das alternativas hi-tech que você conhece a seguir.

Cerveja para as bactérias

Quando restos de comida, papel, folhas de árvore ou qualquer outro tipo de matéria orgânica vai para os aterros, com o tempo, se decompõem. Mas esse prazo pode ser mais longo do que se pensava. Um estudo da Universidade do Arizona encontrou bifes de 15 anos de idade intactos e jornais de 30 anos ainda legíveis. O que não é nada positivo quando a ideia é aproveitar o metano que resulta da decomposição.
Pensando nisso, a Waste Management, maior companhia americana de gestão de resíduos, investiu em um método que consiste em instalar um encanamento no solo dos aterros e fazer circular ar nas camadas superiores e um líquido que mistura cerveja e refrigerantes vencidos nas inferiores. O ar ajuda a degradar o material orgânico das superfícies e acelera a produção de metano abaixo. Com o processo, a geração de gás tornou-se quatro vezes mais rápida e os resíduos acumulados diminuíram em 35%, aumentando a vida útil do aterro.
A produção de energia a partir do lixo é um dos principais focos da companhia, que estimou que as 112 milhões de toneladas de resíduos que jogou fora em 2011 teriam gerado mais de US$ 40 bilhões se tivessem sido convertidas em eletricidade.


2) Crédito de Carbono

Dando o maior gás

Uma das maneiras mais básicas de se aproveitar o metano produzido em aterros é esperar o tempo natural para a maior parte dos detritos se decompor (20 anos) e, ao final do processo, recolher o gás e queimá-lo para geração de eletricidade. Pode não ser a forma mais eficiente — muitas vezes, a captura acontece quando o aterro se fecha —, mas ao menos se evita a dispersão de um gás com poder de efeito estufa 23 vezes maior do que o CO2.
A técnica vem sendo aplicada em cerca de 35 aterros brasileiros. O pioneiro é o NovaGerar, de Nova Iguaçu (RJ), que iniciou um projeto nesses moldes em 2004 e se tornou o primeiro aterro do mundo a vender créditos de carbono — pelo Protocolo de Kyoto, quando se deixa de poluir em países em desenvolvimento, é possível comercializar esse “crédito” para países ricos.
Depois, vieram projetos maiores, como os dos aterros São João e Bandeirantes, na cidade de São Paulo, que juntos respondiam por quase um quarto das emissões de gases de efeito estufa da capital. A captura do gás passou a gerar energia suficiente para o consumo de 800 mil pessoas. Os créditos de carbono do projeto foram negociados por R$ 140 milhões, metade ficou para as empresas privadas que bancaram o projeto e a outra metade para a prefeitura de São Paulo, que não teve custo nenhum e ainda fez bonito.

3) Biodigestão

Carro movido a lixo

Abastecer o carro com lixo não é mais coisa do filme De Volta para o Futuro, mas do presente. Em Estocolmo, na Suécia, metade da frota de ônibus municipal circula com combustível gerado a partir do lixo orgânico e esgoto. Essa poderia ser uma boa oportunidade por aqui. “O lixo brasileiro é de país subdesenvolvido, a maior parte é resto de comida”, afirma Luciano Basto. Do total dos resíduos gerados, 51% são matéria orgânica e apenas 1,6% passa pela compostagem para virar adubo.
A proposta é encaminhar essa montanha de lixo não para aterros, mas para biodigestores, usinas com enormes tanques cheios de bactérias famintas. “Os orgânicos são a dieta preferida delas, o que acelera o processo de decomposição dos resíduos e aumenta a produção de gás”, diz Basto.
Ao final de 18 dias, já se teria o biogás (mistura de metano, CO2 e água, entre outros componentes). Depois de tratado, o composto poderia atingir uma concentração de metano de até 99%, mais do que os 96% exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para ser usado como combustível para veículos. Assim, o produto poderia ser colocado diretamente no tanque de carros, além de substituir o diesel em frotas de caminhões e ônibus. “Vale mais a pena do que queimar o gás. No Brasil, a eletricidade gerada pelo lixo é cara se comparada às outras fontes que temos, mas o gás é barato frente ao diesel e à gasolina.”

4) Incineração/Gaseificação

Bota fogo
A Holanda é um país-exemplo no tratamento de resíduos sólidos. Recicla 80% deles e só joga 4% em aterros. Os outros 16% são queimados e geram eletricidade. “Quando se fala em grandes volumes de resíduo, a tecnologia mais madura é a incineração”, afirma o engenheiro mecânico e doutor pelo MIT Josmar Pagliuso. Nesse caso, se aproveita o calor da combustão para gerar vapor d'água que movimenta as turbinas de um gerador.
Apesar de difundida no Japão e em países como Suíça e Alemanha, a incineração gera polêmica por se acreditar que não seria possível controlar totalmente a emissão de dioxinas e furanos, componentes altamente tóxicos. Pagliuso argumenta que a quantidade dissipada é tão pequena que seria difícil encontrar um laboratório capaz de medi-la. "Eu não estaria desconfortável ao lado de um incinerador que funcionasse com tecnologias modernas”, diz. Isso quer dizer um processo de limpeza de alta capacidade. “Mas precisaria de tantos filtros que se inviabilizaria”, afirma Jorge Hargrave, do Ipea. Na Alemanha, as plantas de incineração custaram tanto que foi preciso passar a importar lixo da Itália para fazer o investimento valer.
Uma alternativa que vem se desenvolvendo é a gaseificação do lixo que gera gases como monóxido de carbono e hidrogênio, de poder combustível. Aí sim, eles são queimados para gerar eletricidade. “O aproveitamento de energia sobe de 25% a 40% em relação à incineração. E você filtra o gás antes de queimar”, diz Pagliuso. Assim, as emissões finais praticamente não requerem tratamento. “É um processo mais complicado, porém mais limpo.”

5) Fábrica de Petróleo
Caminho de volta
Para se fabricar plástico, primeiro se extrai petróleo, sua principal matéria-prima. A Agilyx, empresa sediada em Oregon, nos EUA, levou essa lógica ao revés e está tirando petróleo de plástico — evitando as operações complexas e poluentes para se conseguir o material fóssil em alto- mar. No processo, todo tipo de plástico — inclusive o que estiver sujo, contaminado ou engordurado — é aquecido até a forma gasosa, depois passa para um sistema central de condensação. Dali, já sai o óleo cru, como é chamado o petróleo bruto. A usina tem capacidade de converter 10 toneladas de plástico em 2.400 galões de petróleo a cada dia. E não concorre com a reciclagem, uma vez que só utiliza material que iria parar de qualquer maneira no aterro por ser difícil de ser reaproveitado.




6) Usina de açúcar

Perfume no ar

A ideia de fazer produtos cheirosos com insumos que vêm do lixo não parece boa. Mas é uma das sugestões da startup americana Renmatix. A empresa transforma sobras de madeira em um tipo de açúcar que pode substituir o petróleo na fabricação de combustíveis, plásticos e embalagens, ou químicos de alto valor agregado, como os usados em perfumes. A companhia usa água em alta pressão e temperatura para dissolver a celulose presente em materiais orgânicos. O açúcar que resulta do processo pode ser fermentado para produzir etanol e outros químicos. Recentemente a empresa recebeu um investimento de US$ 75 milhões para testar a técnica com resíduos urbanos, como papel, papelão e entulhos. Se funcionar, pela primeira vez teremos cheiro bom vindo do lixo. A ideia de fazer produtos cheirosos com insumos que vêm do lixo não parece boa. Mas é uma das sugestões da startup americana Renmatix. A empresa transforma sobras de madeira em um tipo de açúcar que pode substituir o petróleo na fabricação de combustíveis, plásticos e embalagens, ou químicos de alto valor agregado, como os usados em perfumes. A companhia usa água em alta pressão e temperatura para dissolver a celulose presente em materiais orgânicos. O açúcar que resulta do processo pode ser fermentado para produzir etanol e outros químicos. Recentemente a empresa recebeu um investimento de US$ 75 milhões para testar a técnica com resíduos urbanos, como papel, papelão e entulhos. Se funcionar, pela primeira vez teremos cheiro bom vindo do lixo.
7) Plasma
Digno de estrelas

Lixo hospitalar, metais pesados e outros contaminantes podem virar pó — ou melhor, grãos —, embalados em vidros e usados na fabricação de asfalto, não oferecendo mais riscos à saúde e meio ambiente. Essa seria a grande vantagem da tecnologia de plasma, já aplicada em plantas das Forças Aéreas americanas, além de aterros que recebem lixo urbano nos EUA, França e Japão.
O plasma — espécie de gás carregado de eletricidade considerado o quarto estado da matéria, que compõe as estrelas — é usado para degradar materiais que resistem a uma primeira etapa de gaseificação. A temperatura no tanque onde ficam as tochas com plasma chega aos 9.000 ºC. “Vale a pena para lixo tóxico e em pequenas quantidades porque o processo demanda muita energia elétrica”, afirma Pagliuso. Mesmo gerando eletricidade, ela não seria suficiente para dar conta do funcionamento da máquina.

8) Reciclagem
Olha eu aqui de novo


A planta da Closed Loop, em Dagenham, Inglaterra, é um dos exemplos de como o processo de reciclagem vem evoluindo. Especializada em garrafas PET e HDPE (plástico usado em embalagens de leite, no país), a usina tem leitores óticos para separar as garrafas por composição e cor. As embalagens de HDPE coloridas são, em geral, usadas em produtos de limpeza e precisam ser tiradas do processo — já que a Closed Loop irá usar o plástico reciclado para fabricar novas garrafas para alimentos. Por isso, após lavado e picotado em grânulos, o PET têm sua superfície removida e o que sobra ainda é esterilizado. Já o HDPE é aquecido até derreter, eliminando qualquer contaminante. O material é aprovado por órgãos de regulamentação de saúde americanos e europeus para embalar alimentos.


9) Mineração urbana
Vale ouro

De cada tonelada de minério é possivel tirar 8 gramas de ouro. Da mesma quantidade de sucata eletrônica, se extraem 100 gramas do metal. E a preciosidade encontrada no lixo eletrônico — que tem boa parte enviada para a China e países da África, onde contaminam o solo e as águas com metais pesados — não se resume a essa joia.
Celulares, baterias e laptops também contêm outros minerais valiosos — como prata e cobre. Eles vêm sendo garimpados e reutilizados em uma técnica conhecida como mineração urbana.
Um dos líderes desse filão é a mineradora sueca Boliden. Cerca de dois terços de toda sua extração de ouro vêm da reciclagem. Recentemente, a empresa expandiu a capacidade de sua usina de separação de metais para 120 mil toneladas por ano.
A cadeia começa lá atrás: os aparelhos usados são recolhidos e enviados para a indústria de reciclagem, que separa os componentes em plásticos, vidros e metais. A Boliden recebe, então, o chamado e-scrap (sucata eletrônica), composto por placas-mãe de computadores, por exemplo. O material é fundido e refinado para extração de ouro, prata e cobre. O processo pode se repetir continuamente, já que os metais nunca perdem a qualidade. Com uma mina dessas à vista, muitos países podem passar a manter sua sucata eletrônica bem longe das fronteiras.








quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Plano Diretor da cidade


Em evento com centenas de pessoas, prefeito e secretário de Desenvolvimento Urbano reafirmam compromisso de dialogar com a sociedade e garantem que ponto de partida será o plano aprovado em 2002.

Em evento com centenas de pessoas, prefeito e secretário de Desenvolvimento Urbano reafirmam compromisso de dialogar com a sociedade e garantem que ponto de partida será o plano aprovado em 2002.


A avaliação dos resultados do Plano Diretor Estratégico (PDE) aprovado em 2002, e ainda em vigor, será o ponto de partida para o processo de debates que deverá resultar na elaboração do novo plano para cidade de São Paulo. A informação foi dada nesta terça-feira (19/2), durante a primeira apresentação pública da estratégia e da agenda que a prefeitura propõe para o tema.
Promovido pelo Fórum Suprapartidário por uma São Paulo Saudável e Sustentável, o evento contou com a participação de centenas de pessoas, que lotaram o auditório 1º de Maio e a galeria da Câmara Municipal. Perante esse público, o prefeito, Fernando Haddad, e o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, reafirmaram o compromisso de dialogar com a sociedade na elaboração do novo PDE.
“Quando fiquei sabendo que o secretário viria, fiquei enciumado e vim aqui para inaugurar esse debate”, brincou inicialmente Haddad, que compareceu de surpresa no encontro. “Temos um plano [o aprovado em 2002] que precisa ser aperfeiçoado e todo subsídio da sociedade é bem-vindo”, afirmou o prefeito.


A apresentação da visão da prefeitura em relação à estratégia e ao processo de debates para a formulação do futuro Plano Diretor ficou a cargo do secretário, Fernando de Mello Franco, e do diretor do Departamento de Urbanismo – órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano –, Kazuo Nakano.
Em sua exposição, Mello Franco citou alguns dados sobre o crescimento desordenado da cidade e mencionou, em diversos momentos, o projeto “Arco do Futuro” – uma das promessas de campanha do prefeito –, relacionando a proposta com as mudanças que a Prefeitura pretende para a cidade. O secretário, entretanto, não abordou o conteúdo a ser incluído no novo PDE.

Coube ao diretor do Departamento de Urbanismo explicar porque a prefeitura não apresentou propostas específicas para o plano. “Os conteúdos da revisão do Plano Diretor, nós vamos construir juntos”, destacou. Segundo Nakano, após a rodada de discussões para avaliar “o que deu certo e o que deu errado” no PDE vigente, ocorrerão eventos públicos nas 31 subprefeituras para recolher subsídios da população. Em seguida, serão feitas audiências devolutivas, “para informar aos participantes como suas contribuições estão sendo incorporadas”.

Após o encontro, Nakano esclareceu que a ideia é tocar esse processo participativo na elaboração do Plano Diretor em conjunto com a Câmara Municipal. “Não podemos ficar nesta discussão, se o Executivo tem que retirar ou não o projeto de revisão do PDE que se encontra parado no Legislativo paulistano”, ponderou.

Para ele, o importante é focar na ampla participação da sociedade e na construção coletiva do conteúdo. “É isso que será capaz de responder o momento que a cidade está vivendo”, concluiu.
Na avaliação do vereador Nabil Bonduki (PT), é possível que ao final do processo de discussão, a própria Câmara Municipal apresente um projeto de lei do Plano Diretor já pactuada com o Executivo e com a sociedade.

E o Plano Municipal de Mobilidade?
Ao fim das exposições dos representantes da prefeitura, os participantes do debate puderam apresentar seus questionamentos. Em virtude do tempo, a maioria das perguntas teve que ser feita por escrito. Apenas quatro representantes da sociedade civil expuseram suas dúvidas no microfone.
Maurício Broinizi, coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, defendeu que o Plano de Mobilidade, já previsto na lei do plano aprovado em 2002 e até hoje não apresentado pelo governo municipal, deveria ser elaborado em conjunto com o novo PDE. “Senti falta nas falas [dos representantes da Prefeitura] da integração do Plano de Mobilidade com o Plano Diretor”, cobrou.
Ele relatou que a sociedade tem cobrado a elaboração do Plano de Mobilidade, com participação popular, há vários anos. “Não podemos perder mais tempo, temos que construir os dois instrumentos de planejamento juntos”, defendeu.



O promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes, da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital, questionou a inclusão do projeto Arco do Futuro na apresentação da estratégia da Prefeitura para a elaboração do novo PDE. “O Arco do Futuro é um projeto de governo e o Plano Diretor é um projeto de Estado”, argumentou.

Em sua avaliação, o fato de o projeto Arco do Futuro não ter sido debatido com a sociedade pode levar a atual administração “a incorrer no mesmo erro da gestão anterior, [do ex-prefeito Gilberto Kassab]”.
Respondendo ao promotor, o secretário concordou que o Arco do Futuro é um projeto de governo, mas que poderá se transformar em plano de Estado após ser debatido e aprovado pela sociedade. “O que estamos trazendo aqui são propostas para serem debatidas”, justificou.

Mello Franco, entretanto, não respondeu diretamente o questionamento da Rede Nossa São Paulo sobre a elaboração do Plano de Mobilidade, limitando-se a dizer que “a política de habitação, de mobilidade e outras serão apresentadas de maneira articulada e de forma transversal”.  
 
Primeiro evento do Ciclo de Debates que o Fórum Suprapartidário por uma São Paulo Saudável e Sustentável pretende realizar este ano, o encontro foi coordenado por Laerte Conceição Mathias de Oliveira, Ros Mari Zenha e Jupira Cahuy – integrantes do Grupo Executivo do Fórum.
Ros Mari informou que todos os questionamentos dos participantes encaminhados por escrito – mais de 70 formulários e muitos com mais de uma pergunta – foram entregues ao secretário municipal de Desenvolvimento Urbano.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

“Melhorar a cidade não é um processo revolucionário” - O Estado de S.Paulo


Para Regina Meyer, São Paulo tem solução – mas sem fórmula mágica. O projeto urbano deve ter continuidade.

É inconcebível planejar e tocar qualquer grande obra em São Paulo enquanto existirem pessoas morando em áreas de risco. Este é o recado de Regina Meyer, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, para Fernando Haddad. “A meta número zero do novo governo deve ser tirar as pessoas dessas áreas e oferecer alternativa de moradia. É inadmissível desabar o morro na cabeça das pessoas quando chove”, diz.

Hoje, há 93 áreas com alto risco de desabamento ou deslizamento na cidade, onde moram 98 mil pessoas. No total, 519 mil vivem em áreas da capital com alguma ameaça, segundo os dados mais recentes do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, divulgados em 2011.

Os números espantam e mostram que ainda há muito a ser feito. Tanto é que, em seu primeiro dia de trabalho, Haddad anunciou um pacote de medidas de emergência de combate a enchentes. Ao todo, foram definidas 16 ações para o período de chuvas. Entre elas, uma nova parceria da Prefeitura com o IPT para que as áreas de maior risco sejam monitoradas diariamente. “É fundamental que o novo prefeito considere de forma muito séria as obras infraestruturais deixadas pelo governo anterior”, afirma Regina.

Ela lembra, no entanto, que a melhora de grandes metrópoles aconteceu de forma lenta e gradual. “Não é um processo revolucionário”. Mas São Paulo tem solução. “A cidade passa agora por um momento-chave, de mudanças obrigatórias”.

Abaixo, os melhores trechos da entrevista.
Ao assumir a Prefeitura, o primeiro ato de Haddad foi anunciar medidas de combate a enchentes, como o monitoramento diário de áreas de risco. Esse é o caminho?

O monitoramento é apenas uma medida de emergência. A meta número zero do novo governo deve ser tirar as pessoas dessas áreas e oferecer alternativa de moradia. É inadmissível desabar o morro na cabeça das pessoas quando chove. É inconcebível fazer qualquer obra gigantesca na cidade se ainda existirem pessoas morando em áreas de risco. Não sou contrária a fazer um teatro, uma biblioteca, mas São Paulo precisa de uma política extremamente eficiente e rápida para a remoção dessas pessoas.

O período de chuvas é determinante para a nova gestão?
É fundamental que o novo prefeito considere de forma séria as obras infraestruturais deixadas pelo governo anterior, como o projeto de drenagem urbana para as enchentes – o chamado Plano de Macrodrenagem. Entregue ao poder público em 1994, ele foi revisto na gestão Kassab por um grupo de engenheiros da Escola Politécnica da USP. É preciso que seja retomado com urgência e de forma efetiva.

É possível recuperar SP?
Não tenho dúvida. A melhora de uma cidade, no mundo inteiro, é um processo lento. Não é revolucionário. Mas São Paulo passa agora por um momento-chave, de mudanças obrigatórias.

Que mudança?
O grande drama da cidade é sua frota de automóveis. Na década de 30, surgiram os primeiros projetos em relação ao transporte público, havia um corpo técnico discutindo o Metrô, que só começaram a ser realizados de fato no final dos anos 70. Um atraso fenomenal e que teve grande impacto na cidade. Se tivéssemos recuperado o tempo perdido, teríamos uma São Paulo muito melhor do que ela é.

Investir no Metrô é responsabilidade da Prefeitura?
Não há como voltar atrás em relação à presença da Prefeitura na produção do Metrô. É preciso estar presente não só na dotação de verbas, mas, também, nos projetos relativos ao entorno das estações.

E os corredores de ônibus?
São Paulo vive a disputa dos pneus versus trilhos. É um desserviço para a população. A cidade poderá ficar muito mais bem servida se tiver uma articulação desses dois sistemas. Os corredores de ônibus são uma dívida com a cidade e Haddad falou muito dela durante a campanha. O que tinha que ser pensado já foi pensado. Agora é mãos à obra. É preciso articular esse sistema com o resto da cidade.

Como fazer isso?
As questões municipais, cada vez mais, vão precisar de um escopo metropolitano. São Paulo já não é vista como um município só. A cidade vai além de seu desenho. Hoje, acho difícil pensar São Paulo sem incluir os 38 municípios que formam a Região Metropolitana.
Um dos debates da eleição foi sobre bicicletas e ciclofaixas.
Elas funcionam bem, mas essa questão ainda precisa chegar a um meio-termo. Por enquanto, há uma espécie de ‘endeusamento’. São Paulo não é fácil para bicicleta. As ciclofaixas fizeram com que as bicicletas fossem mais bem recebidas pela cidade, mas isso é ridiculamente pouco perto do que se precisa. E onde tem gente andando de bicicleta para valer – na periferia –, a ciclofaixa não chegou. Está mais para lazer do que para atender o operário.
Um dos últimos projetos enviados por Kassab à Câmara prevê um limite de vagas nos prédios para diminuir o uso do carro na região da Barra Funda.

Quando se fala em diminuir as vagas nos estacionamentos, quem acaba penalizado é o próprio usuário. A cidade foi montada para que as pessoas tivessem um automóvel. Existe gente que não tem casa própria, mas que comprou seu carro porque é a única maneira de locomoção. O número de pessoas que moram em um lugar e estudam ou trabalham em um outro muito distante é cada vez maior. A entrada de automóveis é facilitada pelos governos, mas não é medido o impacto.

Também durante a campanha eleitoral, Haddad falou muito da recuperação do centro da cidade.
O diagnóstico não é inédito. Já foi feito por outros governantes. Da década de 90 para cá, todos adotaram o discurso de que o centro precisa receber habitação. Mas esquecemos de olhar para os bairros que abrigavam as fábricas – onde foram liberados muitos terrenos, passíveis de abrigar novos modelos de ocupação, gerando uma maior densidade em São Paulo.

Uma maior densidade seria melhor para a cidade?
Densidade é palavra de ordem em São Paulo. Com maior densidade, tem mais gente andando a pé, com maior distribuição e presença nos equipamentos públicos. Seria uma cidade mais viva, muito mais interessante e, às vezes, com menos automóveis nas ruas.

Como tornar isso realidade?
Para adensar uma cidade é preciso ter uma política do verde extremamente organizada, uma política pública de arborização, de presença de pequenos parques. A densidade não é só o aumento de pessoas dentro de uma área. É o aumento com qualidade. A Vila Mariana, por exemplo, teve um adensamento grande. Todas as casinhas foram substituídas por edifícios de 10, 12, 15 andares. O que aconteceu? Um bairro bem localizado porque tem infraestrutura, tem transporte, tem isso e aquilo, perdeu população.

Por que isso aconteceu?
Porque as construções na Vila Mariana têm um padrão classe A: prédios com apartamentos muito grandes, com cinco vagas na garagem, mas para um número pequeno de moradores. A densidade não é só construir mais, é construir dentro de um padrão que se tenha uma família de cinco pessoas vivendo dentro de um espaço menor.

Para que o bairro não se torne inacessível.
Essa é recuperação do espaço público é fundamental. Temos que sair de casa e encontrar uma calçada generosa, um espaço que pode ser usufruído. É preciso levar as pessoas para as calçadas, para a rua.
Haddad já sinalizou que deve mudar o projeto da Nova Luz, bandeira da gestão Serra/Kassab. Como vê esse movimento?
A Nova Luz é um problema grave. É um espaço extremamente importante, pela presença da Estação da Luz e pelo papel que ela tem no transporte de São Paulo. Foi investida uma quantidade de dinheiro gigantesca naquele entorno. É só olharmos para a Sala São Paulo, Pinacoteca, Estação Pinacoteca e, sobretudo, para a Linha 4 do metrô. A Nova Luz é um projeto complexo. Porque entrou em cena com premissas de recuperar um espaço degradado, de renovação urbana. E não é só isso. A Santa Ifigênia é um lugar com uma atividade econômica incrível. Vem gente do País inteiro e até de fora para fazer compras ali.
É impossível parar a região.

Mesmo durante obras, não se pode interromper as atividades comerciais. E tem outra questão importante: o poder público está usando um instrumento novo – a concessão urbanística. Desconhecida, complicada e que gera desconfiança.

E também tem a Cracolândia.
A Cracolândia nasceu com o aspecto decadente daquele lugar. É uma região em que há muito emprego e, por incrível que pareça, a droga foi convivendo com essa dinâmica. Aqueles comerciantes e os usuários da droga, do crack, têm um convívio. É absolutamente indesejável, mas está lá. Uma única gestão não dá conta de mexer nas tantas vertentes.

Era inevitável que o problema ficasse para a esta gestão?
A gestão Kassab já estava desgastada para levar o projeto à frente. A revisão é o melhor a ser feito. Mesmo que o Serra tivesse vencido as eleições e que as pessoas que estavam trabalhando no projeto permanecessem ali, ele teria que ser revisto.

Algum ponto específico?
Os movimentos sociais não querem rever o desenho do projeto, mas sim a concessão urbanística. Muito já foi derrubado naquela região. Alguns quarteirões estão hoje irreconhecíveis. É o pior momento para parar esse projeto porque se tornou um dos lugares mais deteriorados da cidade, com todos aqueles enormes espaços vazios. Ficou mais propício ao uso ilegal. É uma espécie de área abandonada. É como se tivesse havido uma guerra ali.

O que o Minhocão representa para a cidade?
Ai, meu Deus! É engraçado, o Minhocão ganhou um certo status –e dado pelas pessoas. Não é incrível? Já fui em dois domingos lá. Fiquei impressionada como as pessoas usam o Minhocão. Está provado que derrubá-lo não é mais algo tão simples, que pode estar indo contra a corrente.
Tem muita gente que é contra a demolição.
Muita gente. Ali criou-se uma vida. Demolir o Minhocão já não tem, para mim, o mesmo peso que teve 10, 15 anos atrás – quando eu achava que aquilo era um elemento corrosivo dentro da cidade. Ele ganhou status e é uma eloquente resposta que a população deu para a falta de espaço público.
Quer dizer que…
A gente entende mal o que o povo diz. As pessoas estão frequentando o Minhocão, mesmo com a falta de qualidade, mesmo sendo desagradável passear no asfalto, sem nenhuma vegetação. Tem mãe empurrando carrinho de bebê, crianças pedalando e pais montando piscinas para as crianças brincarem na água. Tudo ali em cima. A população se apropriou daquilo com mais facilidade do que se apropria de um lugar onde tem uma certa solenidade de projeto.

Qual a sua opinião sobre a reforma da Praça Roosevelt?
O projeto é interessante porque limpou, arrumou e tornou mais ameno o espaço. Agora, é preciso que ele seja apropriado pelos teatros que estão em volta. Mas temos a informação de que aconteceu justamente o contrário.

Na verdade, os teatros todos foram embora. É uma questão para ser vista com muito atenção, porque o projeto foi desenvolvido pensando nesses teatros. Ali, no meio daqueles escombros que era a praça, nasceu um dos movimentos culturais mais importante de São Paulo. E, justamente quando se arruma aquele espaço, eles vão embora. Tem alguma coisa de errado nisso.

O projeto deu errado?
A praça, na minha opinião, tem mais características de praça de bairro do que de praça de área central. Ela poderia ser muito mais iluminada. Fica sombria à noite. Tem que se pensar na valorização do entorno dela.
Há o que fazer?
Tudo depende de como as pessoas vão se apropriar da praça. Do contrário, ela ficará abandonada. / THAIS ARBEX

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